segunda-feira, 28 de setembro de 2009

- Linguística -



A Linguística é a ciência que estuda cientificamente a linguagem humana manifestada pelas diferentes línguas.
Foi no ano de 1826, na França, que a palavra linguística foi usada pela primeira vez: " linguístique". Em 1837 aparece o vocábulo em inglês: " linguistic", depois, " linguistics". E, em meados do século XIX, em Portugal, o termo glotologia é mais usado do que linguística para designar a ciência da linguagem.
Na filosofia grega, a especulação sobre a origem das palavras revestiu-se de particular importância. Os naturalistas e os convencionalistas eram as duas escolas antagônicas que discutiam sobre tal reflexão. Uma defendia uma relação inseparavelmente ligada, intrínseca, entre o som e o sentido, as palavras e as coisas. A outra defendia, pugnava, pela relação arbitrária, só na vontade, entre o som e o sentido, as palavras e as coisas.
Dionísio de Trácia, o compilador da primeira gramática, diz que ela é o " conhecimento directo do que é dito pelos poetas prosadores". Durante séculos, as reflexões linguísticas dedicam-se a língua escrita e a chamada norma culta, a língua dos " barões doutos", referida por João de Barros, na sua gramática em 1540. A tradição grega é sequenciada por Varrão, Quintiliano, Prisciano e Donato, gramáticos latinos, que ampliam a língua latina as categorias linguísticas já estabelecidas. Continua a descrever-se a língua escrita, a língua da classe culta.
A Idade Média marca a ascensão do Latim, a língua erudita, de quem tem vasta instrução, a língua da escrita, aceita em toda a civilização ocidental. Surge a gramática especulativa a partir das discussões dos filósofos medievais, que debatiam em torno dos modos de significar ( modi significandi ) representantes da compreensão do real ( modi inteligendi e modi essendi ). Todavia, a partir do século XIII, uma corrente do pensamento medieval, oferece-nos da lógica e da dialéctica ( do diálogo, da discussão ) uma definição essencialmente linguística ( sermocimalis ), como disciplinas que se ocupam da análise do som da palavra e da proposição, enquanto elementos basilares do discurso ( destacam-se Guilherme de Occam, Pedro Hispano, e Lambert de Auxerre, entre outros).
A gramática empírica, baseada apenas na experiencia e não no estudo, é retomada no Renascimento. Assim, o formalismo abstracto da gramática medieval é recusado. Assim, a gramática normativa em Donato, Prisciano e Quintiliano é aplicada novamente atendendo ao cultivo do estudo das autoridades ( auctoritas ). Enquanto isso, paralelamente, as línguas faladas nos diversos reinos ( vulgares ) haviam ganhado estatuto de línguas da cultura e assumem-se como objeto de investigação gramatical.
As primeiras gramáticas do espanhol, do italiano, do frances e do portugues datam dos séculos XV e XVI ( 1536, Fernão de Oliveira, 1540, João de Barros ). O Latim continua a ser o alvo privilegiado da teorização linguística. Com os descobrimentos, o mundo descobre inúmeras línguas cujas primeiras gramáticas se devem aos Missionários Jesuítas.
O século XIX é marcado pelo comparativismo. As línguas são encaradas na sua genealogia e relações com línguas da mesma família, como organismos que crescem, envelhecem e morrem. A dimensão diacronica ( descrição de uma língua ao longo de sua história ) e evolutiva ganha especial relevo. Os fenomenos fonéticos são alvo de atenção crescente. As línguas são estudadas particularmente no tempo e no espaço.
Em Portugal, são dignos de nota os estudos de Adolfo Coelho, Carolina Michaelis de Vasconcelos, Epifanio da Silva Dias, Leite Vasconcelos e Gonçalves Viana.
O início do século XX é marcado por uma inovação metodológica na linguística com a obra do linguista suíço Ferdinand de Saussure. Os fatos linguísticos passam a ser relevantes no seu aspecto funcional, e a linguística preocupa-se em analisá-los em termos sincronicos, simultaneos, de constancia e variação. Saussure domina a concepção de língua como sistema, em que todos os elementos são solidários a partir da distinção Língua/ Fala. Essa perspectiva funcional, iniciada por ele, tem continuidade em Henri Frei e posteriormente em Martinet, com o chamado funcionalismo linguístico, herdeiro de Baudouin de Courtenay e do Círculo Linguístico de Praga ( Trubetzkoy, Jakobson, Karcevsky ). Entre as diversas teorias da linguística do nosso século, a glossemática, desenvolvida e concebida por Hjelmslev, merece um lugar importante.
Nos Estados Unidos, o início do século é caracterizado por investigações linguísticas etno-antropológicas ( Boas, Sapir, Whorf ) e pelo distribucionalismo ( Bloomfield ). A partir dos anos 60, Noam Chomsky tem procurado elaborar uma teoria formal da linguagem, a chamada linguística transformacional e gerativa. Segundo Chomsky, essa teoria intrinsecamente ligada aos processos cognitivos, deve ter a capacidade de explicar e descrever as capacidades linguísticas que permitem ao ser humano produzir e descodificar novos enunciados linguísticos.
Assim, a Linguística está hoje perante uma enorme encruzilhada, em que díspares teorias, não se
reconhendo multuamente, avançam com metodologias e paradigmas próprios no estudo das línguas.
Texto elaborado com base na pesquisa de Maria João Marçalo ( Gramática; Linguística; Linguística Aplicada; Linguística Computacional; Linguística Textual ).

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