É cultura sim!
A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradore
Destino de Biriteiro
Caprichei numa pesquisa
Pra falar do biriteiro
Este ser fenomenal
Formidável companheiro
Que não sai do botequim
Engaisando o tempo inteiro.
É um cliente especial
Todo o dia no boteco
Não sabe quantas bicadas
Já botou no seu caneco
Quando ele fica liso
Parte logo prum boneco.
Adora viver girando
Dando volta no salão
Dá a mão a todo mundo
Faz aquela encenação
Mais parece um candidato
No período de eleição.
Toda vez que se embriaga
A cabeça fica oca
Sai beijando a freguesia
Parecendo uma coisa louca
Se deixarem o "menino"
Põe batom na sua boca.
Na calçada toda suja
Ele deita atravessado
Um magote de cachorro
Cheira o boga do coitado
Ao cumprir a diligência
Sai o lote embriagado.
Quando ele se levanta
Sai com o eixo empenado
Onde pisa o chão afunda
O corpo só vai prum lado
E a galera se pergunta
Onde vai esse abestado?
Pelos becos onde passa
Só serve de gozação
Para o povo dá cotoco
Xinga e fala sem razão
E um vigia lhe adverte
Te apruma paspalhão.
Ele luta ferozmente
Para chegar em sua casa
A mulher ao vê-lo diz
Já chegou espalha brasa
Hoje anseio meu bichinho
Dar um nó na tua asa.
M - Onde esteve todo o dia
Bicho da cara de quenga
Corno manso de biqueira
Cafuçú galo capenga
Embiriba de macaco
Siribolo de arenga.
H - Eu estive na cidade
Proseando num recinto
Quando veio um pau de cana
É verdade eu não minto
Eu só sei que no fianal
Acabei tangendo pinto.
E o cabra lá ficou
Mulengando a ceroula
Espichando a dentadura
Entufada de cebola
Disse eu; não tenho moço
Com que pegue uma ampola.
Ele respondeu-me vá!
Não esquente o miolo
Que o dinheiro não me falta
No meu bolso tenho um bolo
Pra rasgar e tocar fogo
Se quiser fazer rebolo.
Na saída começou-me
Um soluço na titela
Escarrei e cuspi grosso
Entre a porta e a janela
Engatei uma primeira
Me aprumei numa bangela.
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