segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Língua Padrão


A Língua Padrão


A nossa sociedade é complexa, composta por milhões de pessoas distribuídas por um vasto território e envolvidas numa miríade de atividades diferentes – e assim, precisa estimular uma certa padronização linguística para que a interlocução ampla e supraregional possa se realizar sem maiores embaraços.

Uma sociedade complexa vive atravessada, por tanto, por duas forças: a variação linguística e a manutenção de laços integradores, precisando desenvolver meios de relativa padronização.

A padronização não pode ser entendida como visando aniquilar a diversidade. A variação padrão tem de ser vista como uma em meio às outras variedades, tendo finalidades e usos bastante específicos.

Além de servir à comunicação oral de amplo alcance, a variedade padrão está intrinsecamente ligada à escrita porque esta tem a grande vantangem de poder transceder não só os limites locais, como as próprias fronteiras nacionais.

A variedade padrão, principalmente quando ligada à escrita, terá relativa estabilidade: ela tenderá a mudar menos no tempo do que as variedades da fala. E isso porque a escrita é uma atividade que favorece uma maior atenção às formas da língua pelo fato e a realizarmos de modo mais reflexivo, isto é, ao escrever temos tempo para monitorar detalhadamente nossos passos e, por isso, podemos, ao reescrever ou revisar nossos escritos, fazer ajustes conscientes, bem menos comuns na fala.

Para favorecer a padronização, as sociedades se utilizam de leis de fixação da ortografia, e livros de gramática, além do sitema de ensino e dos testes de escolaridade.

A diversidade linguística e cultural é fator de riqueza e dinamismo social, sendo portanto, altamente desejável. É inevitável considerando o conjunto de atividades que se desenvolvem no interior de uma sociedade humana. Tem finalidades específicas – é uma dentre muitas e não recobre (nem pode recobrir) todas as funções sociais e culturais da língua.

A língua padrão é, portanto, uma construção cultural: os letrados privilegiam certos modos de dizer como aqueles mais adequados em certas atividades de fala e na escrita.


Bibliografia: FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura, ensino médio, volume único. Curitiba. Base Editora, 2003.

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